Em muitas operações de TVDE, acredita-se que o reembolso de portagens da Uber/Bolt cobre integralmente os custos que a Via Verde cobra. No entanto, esta ideia, apesar de comum, não corresponde à realidade. A diferença entre o que as plataformas devolvem e o que a Via Verde efetivamente fatura pode representar uma perda significativa, que chega, em média, a 23,5% por mês.
A perceção que engana
Em primeiro lugar, parece lógico pensar que, se o valor da portagem é incluído no preço da viagem e pago pelo passageiro, o reembolso que a Uber ou a Bolt fazem ao motorista compensaria automaticamente a despesa.
Contudo, essa equação não é tão linear. O que se verifica na prática é que, na maioria dos casos, o valor creditado pela plataforma fica abaixo do montante real debitado pela Via Verde. Resumidamente, sem mecanismos de controlo e ajuste, esta diferença é absorvida pela frota e, ao longo do tempo, traduz-se em perdas financeiras relevantes.
Como as plataformas tratam as portagens
O funcionamento é semelhante nas duas empresas: a portagem é somada ao custo final da viagem e debitada ao passageiro. Depois, no pagamento semanal ao motorista, surge discriminada como reembolso.
Contudo, o gestor de frota pode verificar estes valores:
- Na Uber: Através da área Motorista Parceiro, consultando o “Saldo da Viagem”, onde os valores aparecem separados em Reembolso e Imposto.
- Na Bolt: Nos relatórios semanais disponíveis na plataforma.
Portanto, apesar desta aparente transparência, o valor devolvido raramente cobre o custo total da Via Verde.
Porque o valor nunca é exatamente igual
Existem duas razões principais para esta diferença:
- Estimativas em vez de valores reais
As plataformas calculam o reembolso com base em estimativas definidas a partir da rota prevista, e não no custo real registado pela Via Verde. Assim, quando o valor real é superior à estimativa, a frota paga a diferença. - Ausência de cobertura fora de viagens ativas
Portagens pagas fora de uma viagem ativa, como deslocações para outra zona ou regressos sem passageiro, não são reembolsadas. A Via Verde, porém, cobra todas as passagens sem distinção. - Rota desatualizada
Principalmente na Bolt esse erro persiste, pois a plataforma utiliza uma rota desatualizada em relação às portagens e, por isso, deixa de considerar diversos reembolsos.
O impacto financeiro para as frotas
Em Portugal, as plataformas reembolsam em média até 23,5% a menos do que a Via Verde efetivamente cobra.
Um exemplo prático ajuda a entender:
- Total mensal cobrado pela Via Verde: 1.000 €
- Montante reembolsado pela Uber/Bolt: 765 €
- Diferença suportada pela frota: 235 €
Se multiplicarmos essa diferença por 12 meses, ela acumula 2.820 € de prejuízo por veículo, caso nada seja feito para corrigi-la.
Como reduzir estas perdas
Para evitar que esta diferença afete a rentabilidade, é aconselhável implementar alguns procedimentos:
- Calcular e cobrar as portagens com base nos valores reais da Via Verde, e não apenas nos montantes reembolsados.
- Fazer verificações semanais, cruzando extratos da Via Verde com registos de viagens.
- Registar separadamente o valor reembolsado e o valor efetivamente pago.
- Pedir o reembolso através da aplicações, infelizmente em muitas vezes não resulta, devido a baixa qualidade do suporte oferecido ao condutor pelas plataformas atualmente, mas é a única forma
Conclusão
Em conclusão, ignorar a diferença entre o reembolso de portagens da Uber/Bolt e as cobranças da Via Verde significa, na prática, aceitar uma perda constante. Além disso, essa diferença não desaparece sozinha: requer acompanhamento ativo, políticas internas claras e um sistema de controlo rigoroso e transparente.
Embora o pedido de reembolso através das aplicações raramente resulte, ele continua a ser a única via oficial disponível e não deve ser descartado. Combinado com verificações frequentes e gestão interna estruturada, este processo ajuda a protegerem a sua margem de lucro, e assegurarem uma operação mais sustentável.
Portanto, se precisar de apoio ou tiver dúvidas, fale connosco.
Reembolso de portagens da Uber/Bolt VS cobranças da Via Verde


