O TVDE no Centro do Debate Político. Na última semana, o debate político dominou os meios de comunicação, com o tema central sendo o transporte individual de passageiros em veículo descaracterizado, mais conhecido pela sigla TVDE. Antes desse debate político, algumas manifestações organizadas de forma independente por esses trabalhadores já haviam sido noticiadas, gerando diversas especulações tendenciosas sobre o apoio da Associação Nacional do Movimento TVDE (ANM-TVDE). É importante ressaltar que esses movimentos foram realizados de forma independente e com reivindicações divergentes em relação à ANM-TVDE. A paralisação dos motoristas TVDE em 05 de abril, a mais expressiva de todas até então, não foi organizada pela ANM-TVDE e não contou com o pré-apoio de nenhum partido político, sendo conduzida de forma independente por trabalhadores nas redes sociais.
Retomando o tema central, destaco minha opinião sincera sobre o que observei e penso, sem viés político. Na última eleição, com a vitória da AD, a direita assumiu o governo em Portugal, inicialmente recusando formar uma maioria com o partido CHEGA, que elegeu 50 deputados com um crescimento rápido. Ambos os partidos exploraram o crescente descontentamento da população portuguesa em relação à política de imigração em seus discursos eleitorais. Esse descontentamento, aliado a falhas em outras áreas da legislação portuguesa, abriu caminho para o desenvolvimento de redes de exploração de imigrantes, evidenciado no contexto do TVDE.
Como um serviço de utilidade pública, a problemática da imigração ilegal se tornou mais evidente para a população portuguesa através do TVDE, com muitos sendo transportados diariamente por motoristas claramente ilegais. Assim, o TVDE ganhou importância e se tornou tema central no debate político, uma vez que o desconforto com a imigração descontrolada foi um fator decisivo na última eleição e o TVDE trouxe essa questão para o cotidiano da população.
O TVDE no Centro do Debate Político
Atualmente, todos noticiam como se fosse uma grande novidade o que já era vivenciado e denunciado pelos trabalhadores das plataformas e usuários há muito tempo. Questões como carteiras de condução falsas, emissão indiscriminada de CMTVDE por escolas de condução, e motoristas incapazes de se comunicar na língua nativa e, consequentemente, incapazes de passar em exames de formação, têm sido denunciadas repetidamente. Neste momento, os partidos políticos tentam instrumentalizar as dificuldades dos motoristas, enquanto a mídia veicula notícias tendenciosas, cada um se apresentando como preocupado e solucionador de problemas, com suas próprias agendas. A ministra do Trabalho, Rosário Palma Ramalho, comprometeu-se a agir em conformidade com a vontade dos parceiros.
Para mim, o ponto mais importante é que os verdadeiros trabalhadores independentes não permitam que sua opinião e interesses sejam apropriados por partidos políticos ou associações. É crucial ter cuidado com o que se ouve e buscar fontes de informações oficiais. Surgiram boatos de que uma nova lei estaria em vigor, divulgados por influenciadores, mas o que realmente aconteceu foi um pedido de suspensão, pelo PCP, da emissão de licenças TVDE até a revisão da Lei n.º 45/2018, ou seja, nada está definido oficialmente.
Considero este um momento importante para que os movimentos de trabalhadores independentes continuem a pressionar com paralisações, mas também um momento de atenção e cuidado para que essa causa não seja usurpada por partidos políticos ou associações que disseminem informações falsas com o intuito de gerar engajamento tóxico. No momento, espero que haja um aumento nas fiscalizações, mas não há nada concreto sobre as mudanças na lei e se estas irão beneficiar os motoristas, apenas promessas.
